GRAÇAS A
DEUS O RESTO DO MEU DIA FOI NORMAL. Depois de meus pais me encherem de
perguntas sobre minha saúde e de minha mãe passar quinze minutos convencendo
meu pai de que eu não precisava tomar benzectacil, entramos no carro e fomos
para casa.
Essa
história do benzectacil seria engraçada, não fosse trágica. Meu querido pai
chama-se Zé Carlos, ou Machado, para o pessoal da rua. Ele é moreno claro,
carequinha, com uma pancinha proeminente, olhos castanhos escuros e nariz de
chapoquinha. Sei lá porque cargas d’água ele acha que benzectacil é o melhor
remédio pra tudo. Seja enjoo, dor de garganta, gripe, falta de ar... o que você
tiver. Se minha mãe não tá por perto, ele corre com meus irmãos e eu para o
pronto socorro, com a esperança de o médico nos dar a “bendita” injeção.
Acho que foi
daí que eu tirei o meu trauma de agulhas. Sério cara, pra você ter uma ideia,
eu morro de vontade de fazer o segundo furo nas zorebas, mas não tenho coragem,
suo frio só de pensar.
Mas graças
aos céus minha mãezinha estava perto hoje, a salvadora. Mamãe é bem gordinha,
baixinha, de cabelos ruivos e pele bem branquinha. É uma mãezona que transborda
meiguice. Cuida dos quatro filhos nos dando o melhor que pode, sempre
realizando nossas vontades (desde que caibam no orçamento dela). Ela sempre
corta meu pai, nos dando um ou outro remédio caseirinho que resolvem bem mais
que a injeção do meu pai (maus ai, pai).
Quando
chegamos em casa, já eram umas sete e meia. Minha mãe conferiu pela milionésima
vez se eu não estava mesmo com febre e foi fazer a janta. Meus irmãos estavam
ocupados com suas coisas, mas os três vieram ver como eu estava. Até o mala do
André se mostrou um pouco preocupado.
Eu sou a
primogênita dos meus pais. Depois de mim, vem a Pri, um ano mais nova que eu, o
André, com onze anos e a Carolzinha com dez. Bem escadinha mesmo.
A Pri é um
pouco mais alta que eu, branquinha também, mas mais queimadinha do sol.Tem
cabelos castanhos e cabelos vermelho. Sei lá porque ela adora ser ruiva. Ah!
sim. Adora a cor amarelo. Sabe aquele amarelão, bem cegante? É esse mesmo que
ela gosta.
O André...
Bom, sabe aquela peste de irmão caçula? Muito, mas muito atentado mesmo, que
não para um segundo? Esse é o André, se você multiplicar por dez. Ele é bem
parecido com Pri, só que tem os cabelos curtos e lisos penteados pro lado, é
mais moreno e tem os olhos bem esbugalhados, parecendo o Caco dos Mupets Babys.
E por
último, mas não menos importante, temos a Carolzinha. Ela é um amor de menina,
hiper meiga. É a alegria da casa. Fã de carteirinha dos gibis da Turma da
Mônica Jovem é a única de casa que gosta de ler. Graças ao Rod... ele que
incentivou ela a ler e deu o primeiro livro dela, A Torre Invisível, história
do rei Arthur nos tempos modernos, e etc. Essas coisas de nerd.
Naquela
noite, minha mãe fez sopa, que eu adoro. Aquela em especial era de salsicha com
cenoura, batata e mandioquinha. Simplesmente delicioso! Servimos-nos e sentamos
para comer na sala, assistindo TV. Tirando meu pai assistindo o Programa do
Ratinho (que vamos concordar, é um porre), a noite estava ótima. Depois da
janta comecei a ficar com muito sono e disse que ia dormir.
- Já? Mas
são 10h30min ainda Deb! – Reclamou a Carolzinha. Ela gosta que eu fique
brincando com ela, o que faço com o maior prazer. Ela é uma fófis, e meus
irmãos não têm muita paciência com ela. Normalmente, jogamos Dama, Uno,
Monopoly, entre outros jogos. Mas hoje eu estava muito cansada.
- Eu estou
com muito sono, amore – respondi.
- Mas quem
vai brincar comigo?
Ela já
estava fazendo cara de choro, e eu odeio quando ela fica triste. Estava me
preparando psicologicamente pra ficar com ela quando fui salva pelo gongo.
Minha mãe, vendo que eu precisava descansar me acudiu.
- A Pri
brinca com você hoje lindinha. Deixa a Deb dormir, ela precisa descansar.
- Ah! Mãe! -
disseram as duas junto.
Nenhuma das
duas gostou muito. A Pri e a Carol não se davam muito bem. A Pri tava nessa
onda de “tudo com criança é chato e tosco”, e a tadinha da Carol sempre foi
grudada na Pri. Elas sempre brincavam juntas, mas de uns dois anos pra cá,
quando a Pri entrou na adolescência, evitava ao máximo qualquer coisa que pudesse
fazê-la pagar um “kong”. E por isso, a Carolzinha foi se afastando dela. Agora,
dificilmente estão juntas.
- É –
concordou meu pai. - Sua irmã precisa se recuperar. Amanhã tem aula, e se ela
não estiver bem, terá que faltar pra ir ao médico.
Depois que
ouviu isso, a caçulinha resolveu aceitar. Nós sabíamos que minha mãe trabalha
de manhã, sendo assim, meu pai que nos leva ao médico durante o dia. Isso com
certeza significa injeção. E nisso, os quatro irmãos eram unidos pra evitar ao
máximo as picadas.
- Tá bom
então...
Vendo a
carinha de choro que ela fez, quase mudei de ideia. Odiava ver a caçulinha
triste, mas fico mais aflita com a possibilidade de uma injeção. Arrepio-me só
de pensar.
- Amanhã
brinco com você gatinha. Prometo.
Despedi-me
de todos e fui me arrumar pra dormir. Coloquei meu pijama, escovei os dentes e
me deitei. Estava com tanto sono que adormeci assim que fechei os olhos. Dormi
que nem uma pedra.
Na manhã
seguinte, acordei me sentindo muito mal. Minha cabeça doía muito, parecia pesar
umas 1000 toneladas. Fiquei deitada alguns minutos, ponderando se devia ou não
contar pro meu pai. Eram seis da manhã, e com certeza minha mãe já havia ido
trabalhar.
Como meu pai
trabalha dia sim e dia não, de noite, ele já estava de pé, preparando nosso
café. Dava pra ouvir a barulhada que ele fazia na cozinha, assobiando (bem
desafinado, para o terror dos meus ouvidos) “Eram cem ovelhas”. Ele adora essa
música.
- Filha?
Eu acho que
respondi algo com “hum... hã”, o que com certeza ele não ouviu. Ouvi seus
passos aumentando de volume, conforme se aproximava da porta do meu quarto. Ele
bateu na porta e a abriu, só uma frestinha, o suficiente para eu ouvir melhor.
- Deb?
- Oi pai –
disse meio grogue.
- Ia
perguntar se você está bem. Mas pelo visto...
Por mais que
eu quisesse me mostrar disposta o suficiente pra ir pra escola (e me livrar da
injeção), minha voz me entregava. Não convenceria nem minha cachorrinha, a Xuxa,
muito menos meu pai.
- Posso entrar
filha?
Já que não
tinha como escapar, resmunguei um “humrum”. Meu pai abriu a porta o suficiente
para ele passar, sem que a claridade do mundo exterior entrasse no meu
aconchegante quartinho. Por experiênci, nem um pouco agradáveis à saúde dos
meus irmãos, minha família aprendeu que é melhor me acordar aos poucos, sem
pressa, para que eu não fique um pouco... estressada, digamos, pelo resto do
dia (ou dias).
Ele sentou
na minha cama, que ficava com a cabeceira em baixo da janela. Colocou a mão na
minha testa para ver se eu estava com febre. Ele tirou a mão, franziu as
sobrancelhas e colocou a mão novamente.
-
Estranho...
Já comecei a
ficar com medo. Quando meu pai não sabe o que é, ele costuma recomendar
benzectacil para os médios recomendarem pra nós, pobres e indefesas vítimas das
agulhas hospitalares.
- O que é
pai?
- Sua testa
está gelada. Está com frio?
- Não. Estou
com uma dor de cabeça enorme, do tamanho de um tiranossauro, mas não estou com
frio, não.
Ele segurou
minhas mãos e olhou pra mim preocupado. A essa altura, eu acho que iam rolar
umas duas injeções, no mínimo.
- Acho
melhor irmos ao médico. Não é normal ficar tão gelada assim.
- Mas pai...
- Filha, é
pro seu bem. É melhor do que você piorar, e ter que passar mais tempo no médico
do que passaria se formos agora, que o sintoma está começando.
Infeliz mas
já conformada, acabei cedendo. Quer dizer, concordando, já que eu teria que ir
ao médico feliz ou não.
- Tá bom
pai.
Ele sorriu,
encorajador.
- Será
rápido, prometo. Depois, que tal passarmos no Português e comermos aquele
x-salada que você adora?
Bom, esse
era o lado positivo de ir ao médico com papai. Ele sempre recompensava a gente
indo a algum lugar que gostamos. Normalmente, meus irmãos e eu escolhemos ir ao
MC Donald’s, mas como eles iriam pra escola, eu topava um x-salada da padaria
do Português.
Consegui dar
um sorriso pro meu pai, mas estava claramente desanimada por causa do médico e
da possível injeção.
- Essa é a
minha garota. Agora, tenta ir pro banho. Deixa a água quentinha cair sobre a cabeça.
Quem sabe não melhora?
- Se
melhorar, posso não ir ao médico e comer o x-salada mesmo assim?
Ele ergueu
as sobrancelhas e riu. Bagunçou meu cabelo e se levantou. Olhou pra mim outra
vez e tornou a rir. Virou-se e foi pra cozinha dizendo, entre uma risada e
outra: “essas crianças”.
Levantei-me
e fui para o banho. Realmente, assim como meu pai disse, a água quente ajudou a
melhorar um pouco a dor de cabeça. Mas ainda parecia que eu tinha carregado uma
montanha em cima da cuca. Se eu falasse isso pro Rod ele ia contar outra vez a
história do tal de Atlas, que sustenta o céu e blá, blá.
Escolhi uma
roupa simples, calça jeans, blusinha do Sr. Madruga (ele é o cara) e sapatilha
preta. Depois de pentear o cabelo, fui pra cozinha. Meus irmãos já estavam tomando
café (menos a Carolzinha, que estuda a tarde e, por consequência, acorda umas
09h30min).
- Oi Deb –
disse o André. – Está melhor hoje?
- To sim Gão
– é assim que chamamos ele em casa, não me pergunte o porque.
- Que bom –
disse a Pri. – Porque hoje temos vôlei a noite, lembra?
É lógico que
não me lembrava, afinal, meus neurônios estavam todos ocupados, se esforçando
pra manter minha cabeça funcionando. Mas o jogo era só a noite, então talvez eu
pudesse ir. Mas, meu pai não compartilhava do meu otimismo.
- Sua irmã
não está bem Pri. Acho que hoje ela não poderá jogar.
Como eu
disse, esqueça o jogo. Nem queria ir mesmo.
- Está na
hora de vocês irem – disse papai. – Eu levarei sua irmã ao pronto-socorro. A
comida está separada nos potes. É só chegar e esquentar.
- Ta bom
pai, deixa que eu cuido disso – disse a Pri.
- Ótimo. Não
deixem a Carolzinha sair sem comer nada. Ela precisa almoçar.
O André
acenou com a cabeça, mostrando que tinha entendido. Ele e a Pri se despediram
de nós e foram para a escola. O André estudava no Possidônio, a apenas três
quarteirões de casa. A Pri estudava na mesma sala que eu, pois quando abriu as
inscrições para estudar na Embraer, ela estava no nono ano e eu no primeiro do
fundamental. Resolvi voltar um ano, pra ter um ensino melhor. Acabei na sala da
minha irmã, o que era muito bom.
Nós
ficávamos uns dez minutos no ponto, esperando o ônibus da escola, e o André ficava
uns quinze minutos esperando pra abrir o portão. Sei que é estranho chegar tão
cedo, mas meu pai sempre nos ensinou que é melhor estar bem adiantado do que um
pouco atrasado, então sempre saíamos com tempo de sobra antes do horário da
aula começar.
- Pronta
filha?
Sem ter pra
onde correr, fiz o óbvio. Resmunguei.
- Pronta
pai...
Respirei
fundo. Comecei a desejar de todo o coração não ir ao médico. Ou que pelo menos
fosse bem rápido e praticamente indolor.
- Sabe Pai,
eu gostaria que o tempo se adiantasse pra hora em que vamos comer o x-salada.
Foi então
que tudo ficou esquisito. Outra vez.
Uma luz
muita estranha surgiu do nada, me cegando por uns instantes. Eu vi vários
borrões passarem na minha frente, muita gente falando coisas indecifráveis,
ruídos, barulhos estranhos.
E uns cinco
segundos depois, eu estava sentada no balcão da Português, com meu pai do lado.
O Português é uma padaria que fica no centro de São José dos Campos. É uma das
mais bonitas (e mais caras) da cidade, e tem a melhor promoção de x-salada da
cidade: Compre um x-salada por R$ 3,00 e ganhe um refrigerante da linha
Coca-Cola.
Olhei em
volta meio assustada, e quando me virei no banquinho pra ver do lado, minha
“almofada” direita estava doendo horrores, assim como minha perna do mesmo
lado.
- Ai!
- O que foi
Deb? Onde está doendo?
Sem graça,
vi que meu “ai” atraiu o interesse dos clientes e funcionários mais próximos.
Morrendo de vergonha, eu tentei disfarçar, esperando que meu pai entendesse e
não desse um fora.
- Minha...
hã... perna.
- Ah! Sim!
Bem... é só não inventar de ir ao vôlei hoje que amanhã estará tudo certo.
Graças a
Deus ele entendeu. A última coisa que eu precisava era meu pai falando no meio
da padaria sobre injeção nas “ancas”, como ele costuma chamar o popô. Ia ser um
senhor King Kong, mico do ano.
- Então ...
o que fazemos aqui?
Meu pai fez
cara de não entender nada.
- Bom...
disse que traria você pra comer o x-salada, depois do médico. E aqui estamos.
O médico...
Claro! Eu ia ao médico. Mas porque será que... eu já tinha ido ao médico?
Tinha que
pensar com clareza, mas pra isso precisava distrair meu pai. Eu não sabia se
ele já tinha ou não pedido os lanches, então, tive que inventar algo que me
salvaria de uma montanha de perguntas.
- Pai, o
senhor já pediu?
Ele fez cara
de preocupado. Levou um tempo até responder, mas eu já esperava por isso. Na
verdade, contava com isso.
- Deb, você
me viu pedindo o lanche. Já deve estar quase pronto. Tem certeza que está...
- Não pai!
As carolinas!
- Carolinas?
Carolina é o
nome do meu doce favorito. E no Português, eles faziam a melhor carolina da
cidade. Modéstia a parte, o meu tio Daniel era o padeiro, então, não tinha como
ficar ruim. Foi graças a esse doce que minha irmã mais nova tem o nome de
Carolina. Fui eu quem escolheu.
- Isso!
Esqueceu que sempre como uma ou duas carolinas antes do lanche?
Meu pai não
estava entendendo nada, porque na verdade, eu nunca peço carolina antes do
lanche, mas uma vez já tinha feito isso, quando o lanche demorou muito. Vendo
que meu pai estava confuso, aproveitei a chance.
- Pega pai,
uns trezentos gramas de Carolina pra mim.
- Ah...
- Vai pai,
senão o lanche chega.
Sem entender
muito bem minha urgência com o doce, ele foi para o balcão de pão comprar as
benditas carolinas.
Agora que
ele estava longe, pude a pensar com calma. Por mais estranho que pareça, eu me
lembrei de tudo que aconteceu. A ida ao médico, a injeção, meu desmaio quando
vi a agulha (qualé, já disse que tenho trauma), a saída do estacionamento do
pronto-socorro, a entrada no Português.
Eu lembrava
tudo. Era como se eu tivesse dado um salto no tempo, como se eu tivesse vivido
todas aquelas experiências, que levariam horas, em poucos segundos. Mas as
lembranças eram um pouco confusas, borradas.
Mas não
tinha como negá-las. Eu tinha a prova bem ali, no meu popô. O lado em que tomei
a injeção doía pra caramba, como se fosse rachar. Aquela dor era específica,
pois só benzectacil pode deixar minha perna assim, como se pegasse fogo. Hum...
benzectacil e profenide.
Mas como
será que isso aconteceu? Bom, eu teria que esperar chegar em casa pra pensar
sossegada sobre isso. Meu pai voltava com as carolinas, e os lanches e
refrigerantes chegaram. Tive que comer um dos doces antes do lanche (como se
isso fosse realmente um sacrifício) pra tentar não levantar mais suspeitas, mas
meu pai já estava cismado.
Enquanto
comíamos, ele me olhava de rabo de olho, e eu sabia que tava tentando entender
o que estava acontecendo comigo. Pelo que me lembrava do médico, ele não disse
coisa com coisa, e quem sugeriu a injeção (como sempre), fora meu pai.
Por hora era
melhor terminar o lanche e ir embora pra casa. Eu tava começando a ficar com
muito sono, e tinha certeza que poderia dormir a tarde inteira.
- Sabe
filha... se você não estiver bem amanhã, pode faltar.
- Brigada
pai, mas não posso. Já faltei hoje, e com certeza tem muita matéria pra copiar.
- Quanto à
matéria, eu não posso fazer nada. Mas quanto à falta... bem, eu voltei pra
falar com o médico enquanto você estava... você sabe.
Corei. Pelo
que me lembrava, eu devo ter feito um espetáculo e tanto. E com certeza eu
desmaiei. Eu sempre desmaio quando tomo injeção.
- Certo –
disse constrangida. – E...?
- E peguei
um atestado de dispensa pra você para o resto da semana.
Eu olhei
pasma para o meu pai, com os olhos arregalados. Pra você entender: meu pai é o
defensor número um de nunca faltar na escola. Quando era pequeno, ele não pode
completar seus estudos, pois teve que trabalhar pra sustentar a casa. Então,
acho que essa é a maneira dele mostrar que se importa e quer que consigamos o
que ele não pôde.
Quando ele
disse que pegou o atestado pra mim, bem, era quase a mesma coisa de dizer que
no nosso bairro agora passava uma linha de ônibus com ponto final em marte.
Tipo, impossível.
Não sei se
era por causa da injeção, ou foi só o fato de meu pai quebrar suas próprias
regras por mim, mas meus olhos encheram de lágrimas. Dei o maior sorriso que podia
dar pra ele, e ele me deu outro de volta, meio tímido. Ele é uma figurinha quando
fica com vergonha. Abracei-o bem forte e dei um beijão nele.
- Vamos
fazer assim – disse pro meu pai, - eu chego em casa e vejo com a Pri se tem
muita tarefa ou alguma matéria nova pra amanhã. Se não tiver e eu realmente não
melhorar, eu fico em casa. Se não, eu vou normal, para não ficar tão atrasada.
Ele olhou
pra mim e seu peito se encheu de orgulho. Descabelou-me e ficou murmurando
coisas como “essa é a minha menina” e “assim você vai ter um grande futuro” e
blá, blá, blá.
Terminamos o
lanche, e fomos para o carro. No caminho de volta, meu pai colocou na Rádio
Vida, onde estava passando um especial de hinos da Harpa Cristã. Ele ficou lá,
cantarolando as músicas, que eram suas preferidas. Eu fiquei fitando a paisagem
da cidade. Adoro São José dos Campos.
Quando
chegamos em casa, meu pai foi conversar com o Véio do Côco, um senhor que mora
na rua de casa e fica na esquina, em frente da farmácia com um carrinho,
vendendo água de côco.
Eu entrei, e
como faltava ainda umas duas horas pro almoço, subi pro meu quarto e fui pra
minha cama. Mechi um pouco com o meu Poo, afinal não alimentava ele desde
ontem. Aos poucos fui pegando no sono até dormir profundamente.
- Acesse os demais capítulos neste link.
- Lia o capítulo anterior - Capítulo 2 – Encontro dois gatinhos bem grandes...
- Acesse o próximo capítulo - Capítulo 4 - Um visitante mais que especial
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